O Señor Manuel viu quando
chegaram. O cavaleiro rápidamente deixou
o cavalo amarrado na pequena rua
lateral e subiu os degraus até à loja. Quando abriu a porta, trazia na mão um
envelope de papel muito branco. Era a resposta de Don Alberto, que aguardava
ansiosamente.
No dia anterior, Don
Alberto e a sua esposa tinham vindo fazer compras à sua loja. Tinham comprado
muita coisa, muitos enfeites e muitos presentes, e Don Alberto fizera questão de comprar coisas simples, mas
de boa qualidade. Pela primeira vez, os meninos da Hacienda iam celebrar o Natal e receber a visita do Bom
Velhinho, e ganhar os seus presentes.
Tudo isso porque o menino
Josellin, filho de Don Alberto e Doña Guadalupe, acreditava que a única razão
de o Bom Velhinho nunca ter ido visitar a hacienda era porque os meninos não
sabiam escrever e, portanto, nunca tinham escrito as suas cartas fazendo os
seus pedidos de presentes. Agora, D. Alberto queria corrigir isso, e queria
começar uma nova tradição: -Celebrar sempre o Natal na fazenda com uma grande
festa, com muita alegria, muita comida, e muitos presentes, enfeites e todas as
coisas típicas da época natalícia.
O Señor Manuel ficara
encantado por ter feito um negócio tão
grande, e fascinado com a história daquele menino que, na sua inocência, estava
já a mudar para melhor a vida de tantos outros meninos, que que moravam num
lugar tão ermo e tão distante.
Pensando acerca disso,
perguntava a si mesmo se não haveria nada que ele pudesse também fazer por
essas pessoas menos afortunadas quando uma ideia começou a germinar na sua
cabeça. Gostou do que pensou e
rapidamente escreveu a D.Alberto, falando-lhe da sua sobrinha Rosarito.
Mandara a carta pelo peão
Tomás, junto com o seu melhor cavalo, e ele cavalgara o dia inteiro para
levá-la e trazer a resposta. Era ele que agora chegava, com uma carta de papel
muito alvo nas mãos morenas. Tomás
entregou-lhe a carta num gesto sentido, emocionado. Não conhecia o conteúdo,
mas podia sentir que era uma coisa importante.
“-Aqui estaá a resposta,
Señor Manuel!”“-Gracias, Tomás! Deves estar cansado. Anda, vai comer alguma
coisa y descansar. Amanhã fica com os teus filhos e a tua mulher, não precisas
vir trabalhar. Hoje foi um dia muito duro, mas amanhã só cuidas do
Blanquito. Portou-se bem, o Blanquito ?”
Por um momento, os dois
riram-se do cavalo completamente negro a
quem alguém por brincadeira resolvera
chamar Blanquito ( branquinho ).
“-Sim,
Señor! É um bom cavalo. Cuidarei bem dele hoje e amanhã Señor. Boas noites!”
“-Boas
noites, Tomás. Obrigado!
Finalmente
só, e com as mão tremendo um pouco,
Señor Manuel abriu o envelope. A resposta à sua própria carta era
concisa e curta, mas era tudo o que esperava e queria.
“Prezado Señor Manuel,
Lemos com muita atenção a
sua carta, minha esposa e eu, sobre a sua sobrinha professora, que devido a
sua dificuldade em movimentar-se nos transportes públicos, não pode exercer a
sua profissão.
Foi realmente um acidente lamentável esse, que matou os seus
pais e a deixou sem poder trabalhar e vivendo com o Señor e a sua família.
Mesmo recebendo algum subsidio do governo para poder manter-se, não poder
trabalhar faz qualquer pessoa infeliz,
por isso entendo completamente a sua preocupação em ajudá-la.
Temos na hacienda um celeiro antigo que, com algumas reparações,
poderia ser usado como escola para alfabetizar as crianças. Mas há que pensar em custos e, por isso,
aproveitei a oferta do seu peão Tomás para que, com outro cavalo, levasse carta minha aos donos de mais duas “haciendas”
vizinhas, que me responderam que os meninos dessas suas fazendas poderão também
frequentar a escola aqui, e que dividiremos os custos entre todos.
Igualmente, eles como eu,
agradecem a sua ideia, e as soluções que ela traz a todos.
Poderemos combinar mais
detalhes passadas as festividades, mas
considere desde já que a sua sobrinha vai poder ajudar muita gente, se
estiver disposta a vir viver aqui na fazenda. Casa onde morar, gente para
ajudá-la e o que comer, não lhe faltarão nunca.
De salário poderemos falar directamente com ela.
Felicito-o pela sua idéia, e saÚdo-o uma vez mais pelas festividades.
Feliz Natal, Señor Manuel.
“
Emocionado, o Señor Manuel
terminou a leitura e pensou na sua sobrinha, tão preparada, tão pronta a ajudar
os outros, e tão limitada pela sua cadeira de rodas.
Guardou a carta dentro de
um outro envelope, no qual escreveu o nome dela. Ia coloca-lo junto do pinheiro
de Natal em sua casa.
Seria o seu presente para ela.
Henrique Mendes / revisada
Muita bondade junta. e sem o teu filosofar. Começo, meio e fim. tudo se encaixando.
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